O Rio (Jocimar Pereira)
Hoje parei um pouco
Sobre a ponte de um rio
Ví suas águas correrem mansas
Sentí na pele um frio
Esse rio destemido
Itapecuru é seu nome
Que de muitas pessoas ao longo do seu leito
Sacia a sede e mata a fome
A cada ano que passa
Ele fica diferente
Nesse pequeno momento de apreciação
Percebí que o rio tá doente
E se você observar as suas águas
Perceberá que ele sente
Ele sente vontade de pedir socorro
Ele pede salvação
Um grito forte, mas mudo ecoa
Só quem ouve é o coração
Pare e olhe pra ele
E verás que tenho razão
No seu leito o verde é pouco
Muita areia à sua volta
Sem profundidade e sem peixes
Parece que o rio está em revolta
Revoltado com o homem
Que não escuta seu pedido
Revoltado com o homem
Que pra ele tapou os ouvidos
Já podemos atravessá-lo
Sem precisar nadar
O rio tem correnteza fraca
Parece que vai parar
Uma canoa a navegar
Um pescador a remar
Mas infelizmente
Nenhum peixe pra pescar
Vazantes são roças de beira rio
Que sufocam e desmatam
São lavradores inocentes
Sem orientação, não sabem que o rio matam
Peixe por aqui
Quase já não tem
E o rio grita por socorro
Seu grito chega ao ouvido de ninguém
Mas, deixa pra lá
O rio vai passar
Suas margens refletem o sofrimento
Que ecoam nesse grito de lamento
Me ajudem
Que sozinho não agüento
Mas deixa pra lá
O rio vai passar
E sua água doce vai se misturar
Com as águas salgadas do mar
Mas deixa pra lá
Quem vai se importar?
Quem vai se preocupar?
Eu to preocupado
Você pode se preocupar
E com nossas preocupações juntas
Vamos o rio salvar
Ele vem de Colinas
Ele passa por Coroatá
Ele nasce em Colinas
Pra morrer no mar
Ouço muito dizer
Que as águas só correm pro mar
E o rio cumprindo seu destino
Desce correndo pra lá
Vamos fazer nossa parte
Vamos dar nossa contribuição
E mostrar que Coroatá
É contra a tal POLUIÇÃO.
Sem o rio
Sem vazantes
Sem peixes
Sem navegantes
Sem o rio
Sem pescadores
Sem prainhas
Sem amores
Sem o rio
Sem lavadeiras
Sem nascentes
Sem corredeiras
O futuro é incerto
Só uma certeza há
Se continuar assim
As areias irão as águas afogar
E aí
Adeus canto da sereia
Porque o rio de águas
Se transformou no mar de areia
E ai
Cabeça de cuia sumiu
Porque as águas do rio
A areia consumiu
E aí
Acabou-se a cavalgada
A aparição do cavalo sobre as águas
Foi pela areia sugada
E ai
O pescador misterioso que na noite clareia
Sumiu
Porque não se pesca em rio de areia
E o rio pode deixar de passar
E parar
Deixando um rastro branco de areia
Pra podermos contemplar
Junto levará suas lendas
Suas figuras encantadas levará
E teremos muitas histórias
Para as gerações futuras contar
Mas ainda dá tempo
Ainda podemos salvar
O nosso Itapecuru
Que silencioso corre para o mar
Mas ainda dá tempo
É questão de sobrevivência da raça
Vamos ajudar nosso rio
Que a vida nos dá de graça
O planeta inteiro já sabe
Água doce pode entrar em extinção
Vamos salvar quem pode
Ser a nossa salvação
Sem rio, sem vida
Sem rio, sem ar puro
Sem rio, sem vida
Sem vida, sem futuro
Vamos dar as mãos
Juntos todos nós, eu e você
Escutar o grito do rio
vamos a nossa parte fazer
Então o rio agradecerá
Com fartura todo dia
O mundo só será melhor
Com homem e natureza em harmonia
Então o rio feliz
O seu destino encontrará
Onde céu e água se encontram
O rio sua missão cumprirá
Porque como diz nosso povo
As águas só correm para o mar
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