o Lobisomem (Jocimar Pereira)
Um dia na minha infância
Ouvi uns adultos conversando
E sobre um tal lobisomem
Eles estavam falando
Escutei a conversa inteira
Naquela noite quase não dormia
Eita noite longa
Custou chegar o dia
Na conversa eles contavam
Que na noite de luar
O danado dava as caras
Sair sozinho nem pensar
Uns diziam que era besteira
Naquilo acreditar
Outro insistia pra na noite
De lua cheia observar
Aqui em nosso povoado
Quando a lua faz clarão
Pode observar os cachorros
Parecem acuar um ladrão
Mas é ele, o lobisomem
Passando em nossa porta
Na última passagem dele
Tive uma cachorra morta
Nesse dia quase vi
Ele todo por inteiro
Mas deu pra observar
Que o bicho é muito ligeiro
Cara de lobo
Corpo de homem
Todo cabeludo
É o lobisomem
Se duvidam preste atenção
Na próxima noite de luar
Na porta de nossas casas
O lobisomem vai passar
Se ficarem acordados
Meia noite ouvirão
O latido dos cachorros
Vindo em nossa direção
Passarão por aqui
Em uma imensa corrida
As pisadas fortes do lobo
Se escuta no chão a batida
E por coincidência hoje
A lua cheia vai estar
Se ficarem acordados verão
O lobisomem passar
Deitado em minha rede
Não conseguia dormir
Meu pai não estava em casa
Eu e minha mãe bem ali
Ela não ouviu a conversa
Mas do lobo sabia
Porque observei que ela
Nessa noite também não dormia
Quando ao longe escutei
Da cachorrada o latir
Pela zoada eram muitos
De longe dava pra ouvir
Pelo barulho imaginei
Na base de uns vinte ou trinta
Mas vou colocar que eram quinze
Pra evitar que eu minta
A nossa casa ficava
Bem na beira da estrada
E quando aquele assombro passou
Me deu uma tremedeira danada
O chão parecia tremer
Quando o lobo pisava
Os cachorros latindo atrás
Aquele barulho assustava
Percebi que um cachorro gritou
Como se tivesse atingido
E saiu com aquele resmungo
Próprio de um cão ferido
E aquela confusão se foi
Aos poucos distanciando
Até tudo voltar ao normal
E a noite silenciando
Da minha rede observei
Que minha mãe sossegou
Parecia um pouco assustada
Que nem me observou
No outro dia eu fui
A conversa deles escutar
Para ouvir o que aqueles homens
Iriam da noite falar
Uns diziam ser realmente
O lobisomem que passou
Outros ouviram tudo
Mas do lobo duvidou
Mas um cachorro ferido
Que o nosso vizinho mostrou
Fez ficar duvidoso
Aquele que não acreditou
Nas noites de lua cheia
Igarapé Grande é o lugar
Por onde o tal lobisomem
Costumava passar
Vindo do Marajá
Quando na ponte chegava
O grande grupo de cães
Logo o lobo acuava
Por isso é bom não sair
Nas noites de lua cheia
O lobo sempre passava
À meia noite e meia
Já fazem muitos anos
Que esse fato aconteceu
Aqui mesmo em Coroatá
Foi o fato que se deu
Mas do jeito que as coisa estão
Bom mesmo é não arriscar
Pode até não ver o lobo
Mas um ladrão vai encontrar
Na dúvida o melhor
É mesmo prevenir
Feche as portas cedo
E cedo vá dormir
Um novo dia amanhã
Com certeza vai começar
Receba uma boa noite
Do Poeta Jocimar
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