De Furtado a Morita (Jocimar Pereira)

O ano não sei  exato
Sei era década de oitenta
Insegurança em Coroatá
O povo não mais aguenta
Eis que surge uma esperança
Coroatá sorrí que nem criança
Chegava um Delegado pedra 90

Está chegando um novo delegado
Um homem de muita  coragem
Vem com a faca nos dentes
Pra enfrentar a bandidagem
Como ele deve se chamar?
Todos estavam a se perguntar
Quem vinha fazer essa lavagem

Lavagem em nossa terra
Dominada por bandidos
Todo mundo com medo
Ninguém tinha amigos
Nas ruas não se podia andar
Muito menos na porta sentar
Bico calado e sem ouvidos

Eis que surge uma esperança
Delegado Furtado chegou
Em poucos dias o homem
Dos bandidos virou o terror
Todo dia um ia embora de “finim”
Na Transbrasiliana ou Vale do Mearim
A bandidagem daqui se mudou

Quando Furtado aparecia
O cinquenta e cinco (55) dirigindo
O antigo Chevette da polícia
Vinha ele mesmo conduzindo
Era aquele perna pra que te quero
Esperar esse homem não espero
Os homens de bem aplaudindo

Na mala daquele Chevette
Certa vez pude presenciar
Quase dez “malas” na mala
O Furtado colocar
O homem às vezes exagerava
Mas Coroatá precisava
Só assim pra respeitar

Suspeitos nas esquinas
Em Coroatá não mais se via
Drogas quase extintas
Por aqui pouco existia
Não se roubava mais nem um pinto
Quando gritava: “lá vem o 55”
Bandido no Itapecurú caía

Pouco depois do tempo
Em que Furtado aqui chegou
A bandidagem arrumou as malas
E pra bem longe se mandou
E por onde iam passando
Aos comparsas iam avisando
Em Coroatá tem um terror

A paz reinou em nossa terra
Coroatá a tranquilidade ganhou
A paz de há muito tempo
Em nossa terra reinou
Graças a um grande Delegado
Por bandido respeitado
Que um dia aqui passou

O tempo passou, tudo passa
E Furtado partiu
Cumpriu seu tempo  em Coroatá
Nosso povo muito bem serviu
Seus métodos eram muito forte
Mas nossa terra teve essa sorte
E para Furtado sorriu

Com o passar do tempo
E a tecnologia avançando
Novas regras, novas leis
A bandidagem se adequando
Novas drogas são criadas
Novas famílias acabadas
Cada vez mais rápido viciando

Nossa terra novamente
Pelo crime dominada
Destruição de famílias
Mãe pela droga arrasada
O crack vicia em um dia
Tirando do rosto a alegria
De quem provar a danada

Vendas em praça púbica
É o que pode se constatar
Traficante não respeita cidadão
Ninguém pode reclamar
Coroatá virou terra de ninguém
Delegado parece que não tem
É até de se suspeitar

Eis que surge uma esperança
A chegada de Samuel
Pelo tamanho  do homem
Pode até não ser cruel
Mas o gigante vão respeitar
Esse não vai se misturar
Vai nos tirar da boca o fel

A característica oriental
Morita na face traz
A malandragem pensou logo
Ele domina as artes marciais
Pelo tamanho da mão da pra ver
Se o malandro não proceder
Só um tapa dormir faz

Que só age dentro da lei
Em pouco tempo Morita provou
E chegou dizendo esta cidade
Da bandidagem livrar eu vou
Na cidade em que eu chegar
Pra bandido na há lugar
Quem ficar é porque regenerou

Morita começou a trabalhar
A Gregos e Troianos agradando
Com a força da Gestão Municipal
Que apoio estava lhe dando
A bandidagem foi sufocando
As quadrilhas desarticulando
E o povo todo gostando

Eis que de repente
Quando a cidade se acalma
Um tiro no peito do Coroataense
Veio pra ferir a alma
Morita vai sair de Coroatá
Porque falou com Ricardo Murad
Fez o Governador perder a calma

Eis que surge uma esperança
Do Delegado Morita ficar
Um grupo aliado do Governador
Com o chefe da Polícia foi falar
Ele uma entrevista concedeu
A garantia ao povo deu
Samuel não vou tirar

Com isso o grupinho fica
Todo alegre e contente
Dizendo que manda no governo
Agora é a vez da gente
O Delegado Samuel vai ficar
Ele não vamos tirar
Vamos é trazer o Tenente

De repente um fato novo
Um mandado judicial
Morita age dentro da lei
E faz o cumprimento formal
Isso gera uma grande confusão
Uns querendo transferir outro não
Nesse dia quase quebra o pau

Uns diziam não podemos transferir
Ano que vem tem eleição
Tá muito em cima e o povo
Esquecer disso vai não
É melhor a gente se acalmar
Morita é querido em Coroatá
Transferir é uma traição

Marcharam rumo à ilha
Pra situação resolver
Quando bateram no Palácio
O Governador não veio atender
Manda essa turma de Coroatá
Voltarem para o seu lugar
A solução acabei de ter

Governador, em Coroatá
Falou o parceiro do Tom
Transferir o Morita
Pra nós não vai ser bom
O povo tá revoltado
Na eleição vamos ser massacrado
Pra eles vai ser doce igual bombom

Tá decidido Jerry
Minha decisão não vou mudar
Esse Morita não fica
Mais um minuto em Coroatá
Manda de volta esse povo
Pra sua terra de novo
Eles me lembram Murad

Diz a eles que pra Morita
Vou arranjar uma promoção
Assim eles dão a desculpa
Para aquela população
Tô nem aí pro povo de lá
Coroatá, por mim, vai acabar
Já ganhei mesmo a eleição

Cabisbaixo e entristecido
O grupo de lá saiu
Um reclamava dizendo
Que nem o Governador viu
Vamos a mala arrumar
Pra Coroatá retornar
Não tem jeito, ele decidiu

Agora resta lamentar
A transferência de nosso Delegado
Pelo simples capricho de um homem
Que em nossa terra foi bem votado
O prejudicado não é o Murad
É o povo de Coroatá
Com essa decisão, injuriado

Só resta ao nosso Delegado
Boa sorte desejar
Agradecer o trabalho
Feito em nossa Coroatá
Aguardar a próxima eleição
Guardando Morita no coração
E nossa resposta dar

Vai Morita obrigado
Receba a nossa gratidão
Pena que não durou
Forte abraço, um aperto de mão
Feliz será o lugar
Aonde irás trabalhar
Tens um grande coração

Vai Samuel, valeu
O tempo que ficou por cá
Sabemos que pra onde vai
Belo trabalho irás desempenhar
Pela sua força e coragem
Receba esta justa homenagem
Do Poeta Jocimar

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