Pescaria no Caximbo (Jocimar Pereira)

Por várias vezes ouví
Muita gente falar
Que pescar à noite na ponte do caximbo
É de se assombrar                         
Corajoso é o homem
Que lá à noite vai sua tarrafa jogar

Já até ouvi falar
De um cavalo que na madrugada assombrava
O animal não tinha cabeça
E no lugar uma chama de fogo mostrava
Não havia ser vivo
Que nesse horário por lá ficava

O local fica na MA-020
Que Coroatá à Peritoró liga
Os acontecimentos de lá
A muita gente intriga
Passar sozinho meia noite
Até de carro dá frio na barriga

Certa vez  um amigo chamado Josué
Junto com seu irmão Daniel estavam a pescar
Haviam mais dois amigos
Que estavam a acompanhar
A pescaria prometia
A noite escura iria ajudar

Tarrafa na água
Peixe em abundancia
O pescador puxava
Ela vinha com elegância
Peixe com fartura faz pescador
Voltar a ser criança

Pescador que é pescador
Tem uma “marvada” pra esquenta
Uma dose de pinga, um dedo de prosa
Esperando as águas assentar
E uma nova tarrafeada
Pra mais peixe pegar

Nesse intervalo de tempo
Da dose de pinga, da prosa, da espera pra água acalmar
Um grito rompe a noite
Era um grito de arrepiar
Causou um silêncio entre os amigos
Que ficaram a esperar

Como é de costume por aquí
A um grito com outro grito a resposta se dá
E o grito dos amigos ecoou na noite
Respondendo ao grito de arrepiar
E a resposta do primeiro grito
Ficaram a esperar

Enquanto a resposta não vinha
Tarrafa lançada ao igarapé
E vinha cheia de peixes
Piau, traíra, piranha, curimatã, mandubé
E os pescadores satisfeitos
Que pescaria filé

Mais um grito ecoa na noite
Há duzentos metros da ponte o acampamento ficava
Se arrepiaram todos porque o grito
Mais perto agora estava
E  depois de um silêncio, um dos amigos
Com outro grito a resposta dava

Tarrafa na água
Redonda igual a lua
Que nessa noite nem apareceu
Sentiram saudade sua
Mas pescaria com ela
É pescaria crua

A resposta veio em seguida
Um grito mais forte, mais perto, mais assombroso
Criou no meio do amigos
Um verdadeiro alvoroço
Então perceberam que dalí tinham que sair
Arrumaram tudo ligeiro: vamos embora seu moço

Tarrafa nas costas
Saco de peixe na mão
Seguiram para o ponte
Batia forte o coração
Um dos amigos me relatou
Que nunca tinha sentido tal emoção
Se espantavam até uns ccm os outros
Com medo da assombração

Quando chegaram na ponte
Respiraram aliviados
Colocaram as tralhas no carro
Estavam mais acalmados
Quando novamente o grito
Deixou os ânimos exaltados

Dessa vez o grito partiu
Do mesmo lugar onde pescavam
A assombração agora estava
No lugar onde eles estavam
Ser coisa de outro mundo
Agora acreditavam

Entraram no carro rapidamente
E saíram em alta velocidade
E um deles perguntou:
Será que isso foi verdade?
Quando olharam pra traz uma luz os seguia
Com destino à cidade

Aquela luz às vezes bem perto
Não era moto, carro ou outro transporte
Era só uma luz
Ás vezes fraca,  às vezes forte
Às vezes apontava para o sul
Às vezes  apontava para o norte

A luz foi ficando fraca
E aos poucos foi sumindo
E desapareceu de vez
Mas logo depois foi surgindo
E quando mais aceleravam
Mais de perto a luz vinha seguindo

Quando se aproximaram do Povoado flor do dia
A luz desapareceu
E um dos amigos mais tranqüilo
Aos céus agradeceu
E uma forte interrogação:
O que será que aconteceu?

Resolveram  nem contar essa história
Porque ninguém iria acreditar
E só a alguns amigos mais próximos
Chegaram a confidenciar
É a mais pura verdade e acontece
Se duvida vá no caximbo, meia noite pescar

(aguarde pescaria no caximbo I)

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