E Nossa Cultura? (Jocimar Pereira)



No Cine Vitória domingo
Eu não podia perder
O tradicional vesperal
Um filme de Karatê

Saudades do Sr Zé Campos
A tudo observar
E na sua sorveteria
Um picolé saborear

Quando o filme era à noite
Antes do picolé
Tinha que saborear
O Espetinho do Pelé

Então chegava o carnaval
Era aquela animação
Muito diferente de hoje
Temos só o Gavião

Turma de Mangueira logo cedo
Os homens fortes da Estiva
Traziam pra nossas ruas
Uma cultura forte e viva

Enquanto isso na Tresidela
Unidos da Ponte a esquentar
Tamborins, surdos e taróis
Para a ponte atravessar

Os índios dos Comanches
Com seus belos rostos pintados
Quando o mestre chamava no apito
Deixavam os foliões assanhados

Lá da Massaranduba um som
No domingo o povo chamava
Batucando, dançando e cantando
Rumo ao centro marchava

Pra onde foi Coroatá
Essa tua alegria?
Porque essa cultura
Deixamos morrer um dia?

Minha Terra a canção
Que nosso boi levantou
Até hoje enche de orgulho
O seu inspirado autor

E pelo jeito que vejo
Há muito o governo sem ajudar
Logo também o nosso boi
Vai na lembrança ficar

Boi do Martelo se foi
Ficou só na lembrança
Nem um espaço sequer
Para lembrar da festança

Com uma história cultural
Que já a algum tempo se deu
Coroatá merecia
Ter um belo museu

Alí poderíamos apreciar
O Boi que Martelo brincou
As letras das belas canções
Que sua grave voz entoou

Um tarol da Unidos da Ponte
A “Ritinta” da Mangueira
Da Massaranduba um surdo
Dos Comanches a Bandeira

E um grande Gavião
No centro do Museu
Pra homenagear a escola
Que até hoje sobreviveu

Para onde vai
Tua cultura Coroatá?
Os escritos dos teus poetas
Onde posso encontrar?

Queria ler algo
Que Jorge Vilson escreveu
Com as 200 canções de Inácio
O que foi que aconteceu?

Os escritos de Dr Manuel
Será que alguém guardou?
Tenho alguns originais
Que a família me presenteou

De Oliveira Marques
Onde um livro posso encontrar?
A bela voz de Joel Guedes
Aonde posso escutar?

Uma bela estátua do Zé
Esse Museu mais belo tornaria
Assim do Zé do Combate nossa gente
Jamais se esqueceria

O sax de Bibiu Balaiada
Ao lado do de Zé Nunes ficaria
E da memória do nosso povo
A história não fugiria

Um banjo, uma viola, um trompete
Uma tuba, até uma bateria
Porque em nossa memória cultural
“Pé de Ferro” existiu um dia

Por isso Coroatá
Memória precisamos fazer
Pra não deixar tua história
Tua cultura morrer

O que passou relembrar
O que ficou preservar
Sem cultura sem identidade
Nós não podemos ficar

Preservemos o bumba boi
E a dança portuguesa
Preservemos as quadrilhas
Mês Junino uma beleza

Pra cultura os governantes
Precisamos despertar
Caso contrário num breve futuro
Tudo se acabará

Sem Boi de Coroatá
Os Poetas acabarão
Sem apoio não mais voará
O nosso lindo Gavião

Aí verdadeiramente
A Terra do Já Teve seremos
E com muita saudade
O samba enredo cantaremos

Acorda minha terra
Acorda Coroatá
Desperta minha gente
Vamos todos despertar
Recebam um forte abraço
Do Poeta Jocimar.

Comentários

Beth rosa santos disse…
Nossa não tive sequer o privilégio de conhecer e viver essa festança. Mas um dia conversando com meu marido, Coroatá antes(há muito tempo mesmo) parecia ser muito mais desenvolvido do que hj! Também me pergunto em qual espaço de tempo tudo se perdeu!???

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